sexta-feira, 20 de junho de 2008

fissurinhas

Algumas pequenas fissurinhas entre a boca e os olhos. São invisíveis para você, mas estão ali. Tocou-as com a ponta dos dedos. A mão gigante não sentira nada.

Ele percebeu que ela ria. Se você rí não posso continuar. Desculpas, veja: já estou séria.

Agora toque novamente. Então ele desenhou sua face com o indicador para cortá-la sem que ela percebesse e avançava mansamente sua mão pela pele sem dizer nada. A respiração tranquila e silenciosa tornava irreal a proximidade de ambos.Você é uma raptora do tempo Pietra. Ela sorriu daquela declaração discreta. Você é o Tempo, Peixinho, eu te amo. Ao mesmo tempo, ele deixou que a lâmina cortasse com precisão aquela brancura toda do pescoço. Não sinto nada, ela disse. Eu sou o Tempo, branquinha.

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