sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Estava um silêncio mofino, mas um silêncio é igual a ausência do tempo.
Porque depois daquele instante não havia nada embora se sentissem bem.
Você não tem medo de que sua perna possa cair? Ela perguntou porque já há dias se enervara com aquele despreendimento masculino diante da barba, dos dentes, das unhas, da perna, da cara. Olha, você segue falando, falando, falando. Os cabelos da moçinha eram tão humanos que ele deslisou todo para encostar naquela prova da realidade. Se a senhorita está preocupada pode me ajudar aqui. Apontou para os cortes profundos que desciam do tronco até os membros. São como olhos? Não, são como memórias. Eles sentaram sobre as pedras do lugar enquanto esperavam alguém. Se estivermos longe, levaremos dias, ele disse. Dias? Se se acabou o tempo Peixinho, talvez não hajam mais dias, mas agoras e agoras e agoras. Foi fatal. Ele se ergueu de um abismo interno para pensar não sobre agoras, ou feridas ou memórias, mas para se sentir bem. Olhou melhor aquela senhorita estendida. Nos resta o quê? Esperar, lindinha. E cada palavra era silêncio e cada olhar, nada e todo dia, o mesmo.

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