quarta-feira, 16 de julho de 2008

Meninas escritoras

Curiosamente a menina escritora que passou do fanzine para o fanzine online e deste último para o blog não quer que sua escrita seja estigmatizada como "literatura de blog". Ela afirma em diversas aparições públicas que a forma importa menos que o conteúdo.
Considero que ela receie que possa ser reduzida à literatura produzida pelas facilidades do teclado, da publicação instantânea.
Ela não entende nada, nada mesmo sobre debates literários e como responder a eles. Mas isso não importa para ela e tão pouco importa de modo geral. Curiosamente, a menina escritora muito lida pelos seus textos virtuais que chegavam quentes e fáceis a um público jovem que queria ler uma literatura mais agressiva (ou ao menos tão agressiva quanto julgavam ser a própria vida), tem mais a dizer sobre a literatura em geral do que sobre si mesma. Por isso interessa. Interessa porque a partir da literatura aqui publicada, lida ou não lida e até apagada (deletada) todo o sentido da organização já colocada em questão como as noções de "autor-obra", são reafirmadas. Embora não considere que a expressão neo-barroca, por exemplo, torne-se útil, pois ela é um engano óbvio, mesmo que tenha o seu charme, é preciso pensarmos nas transformações porque passará toda escrita diante de tantas mudanças editoriais entre outras. Isso de estarmos vivendo em um grande turbilhão sobre o qual temos que pensar e agir pode ser muito importante para o prazer da leitura, para redimensionarmos nossa própria cultura, para estarmos nela sem acusa-la de depravação e erro apenas, mas também para usufruí-la no que poderá ter de benéfico, mas sobretudo, de belo.

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